Mamuna_MA: Cenas do cotidiano

domingo, 6 de junho de 2010

Cenas do cotidiano

No povoado que nasceu de uma história de herança de uma ex-escrava, quase todos são parentes e protagonistas de uma história marcante de resistência.

Para quem acha que ovo não briga com pedra, responde Seu João: “Briga sim. A pedra quebra o ovo, mas o ovo mela a pedra”.

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Herança valiosa

A história de Mamuna está ligada a uma ex-escrava que teria herdado as terras de seus proprietários portugueses. A neta dessa ex-escrava, Candida Rosa da Silva, a popular Dona Candinha, foi quem deu início a atual povoação que conta hoje com 67 casas, onde quase todos são parentes. Fátima Ferreira, descendente direta de dona Candinha, herdou o respeito e a decisão sobre a entrada de novos moradores.

Em Manuma, o tempo não se mede pela contagem do relógio, mas pelas horas das marés. É um povoado de beira de costa, com acesso direto ao mar, onde existe fartura de peixe e uma variedade de alimentos, que atraem moradores de outros povoados onde os recursos naturais já estão escassos. A proximidade do mar marca quase todas as atividades cotidianas do povoado. De seis em seis horas, por exemplo, é hora de ir despescar a rede. Na época da pesca da tainha vem gente de todo lado, a maioria de bicicleta. “Tá na barra pra todo mundo”, orgulha-se um morador local, que herdou de seus antepassados o valor do coletivo.